HUMANIDADE






*Marcelo Valmor



Até antes de Charles Darwin (1809-1822), o mundo era dividido da seguinte forma. Existiria o mundo animal, o vegetal, o mineral e o humano. Darwin, naturalista inglês famoso pela sua teoria da evolução das espécies, em pesquisas feitas a partir de uma observação criteriosa da natureza, constatou a proximidade do gênero humano com o restante dos primatas. Daí foi um pulo para que cientistas refizessem o quadro exposto acima, e considerassem a humanidade como parte representante, também, do mundo animal.
As proximidades genéticas e físicas favoreceram essa interpretação, mas como o mundo anda muito mais rápido do que a gente, novas diferenças foram incorporadas ao animal homem. Estamos falando de aspectos biológicos/genéticos combinados com outros de ordem cultural.
Senão, vejamos. Há homens negros e brancos; há homens loiros e de cabelos pretos; há também os altos e baixos, assim como há também os gordos e os magros. E se fossemos constatar as diferenças dentro do grupo humano, identificaríamos “subespécies” cada vez mais interessantes.
Mas dentro da formação da constituição física de cada um haveria características marcantes para alguns casos de homens. Há aqueles que andam encurvados, como que se fossem o protótipo da humildade. Assim como existem aqueles que caminham com uma desenvoltura que também são irremediavelmente confundidos como arrogantes.
Esse último exemplo é o que nos interessa. Esse tipo é o do sujeito esguio, ombros largos, fronte altiva, ombros que balançam na medida que caminham. Esse tipo é raro, as vezes confundido em alguns outros, sobretudo aqueles que carregam a soberba como parte integrante da sua personalidade. Podem ser tanto humildes como arrogantes; feios ou bonitos; brancos ou negros. O que importa dizer é que descem e sobem ruas com uma elegância que irrita quem com eles não consegue se rivalizar no passo e no espaço. São constantes nos gestos e no refinamento. E, por isso mesmo, alvos de intrigas e maledicências, de fofocas e de tentativas de esquecimentos.
Conheço alguns deles, eu, inclusive. Meu pai, José Paculdino Ferreira Netto também era assim. Mara Vanessa Ferreira, minha irmã, é assim. Mara Alves de Lima assim como sua filha Maria também são assim, Reginauro Silva, idem. E não cabem, dentro de nós uma certa arrogância, uma certa indiferença, uma certa soberba. O que cabe e que sobra é um modo de andar e de agir que ajudou tornar a evolução das espécies uma coisa mais chique e mais interessante.
Mas afinal, o que faz com que determinadas pessoas andem de forma tão elegante, enquanto outras se arrastam pelos meios fios, passeios e ruas? A resposta poderia estar na medicina. E a explicação estaria em uma doença chamada lordose.
A lordose, pasmem, é um desvio na coluna cervical, um problema médico que se transforma em um atrativo sensual e cultural. As pessoas com lordose se postam de forma majestosa, são confundidas, na maioria das vezes, com gente do mais alto extrato social (algumas o são), andam elegantemente, enfim, são chiques. Mal sabem elas que essa elegância vem de um distúrbio natural e que precisa ser corrigido (quando for o caso).
Mas enquanto a lordose não incomoda, o negócio é sair por aí e constatar que a seleção natural, mesmo que de forma desajeitada, impingiu a alguns características que os fazem mais belos, naturalmente, do que os outros.


*Professor

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