JOSÉ PACULDINO FERREIRA





*Marcelo Valmor


A família Paculdino, conhecida na cidade pelas suas várias atividades, se destacou, desde sempre, com a indústria algodoeira.
A sua origem nos remete a cidade de Vinhais, no norte de Portugal, onde nasceu o seu patriarca, José Paculdino Ferreira. O sobrenome da família, na verdade, seria Ferreira, mas aproveitando o ineditismo de Paculdino, optou por bem se auto fazerem conhecidos como Paculdino Ferreira.
Apesar de não ter dados mais concretos sobre a origem do sobrenome Ferreira, tudo leva a crer que sua história remonta aos chamados Cristãos Novos. Quem seriam e o que faziam esses cristãos? Conta-se que o Estado português, no século XVI, falido e aproveitando da onda protestante na Europa, intensificou a perseguição aos grupos judeus que viviam dentro do seu território.
As conseqüências foram a fogueira para os judeus que não aceitaram a conversão ao cristianismo, e o confisco dos bens dos convertidos e o seu conseqüente batismo. Esses convertidos receberam sobrenomes ligados à profissões, árvores ou frutas, daí os Oliveiras, os Pereiras, e, claro, os Ferreiras, sobrenome que indica uma profissão muito antiga, a dos ferreiros.
Sabemos que nem todos que carregam esse tipo de sobrenome são descendentes dos chamados Cristãos Novos, mas todo Cristão Novo tinha esse sobrenome. No caso de José Paculdino Ferreira, um outro aspecto nos ajuda a compor sua persona, e, conseqüentemente, explicar suas origens: era um hábil negociador, bem ao gosto do mundo árabe/judaico. (Não podemos esquecer que os árabes ocuparam a Península Ibérica, e só saíram de lá no final do século XI, e que os judeus já se encontravam por lá desde que foram obrigados, pelos romanos, a cumprirem, talvez, sua maior diáspora).
Mas como esse homem chegou em terras nacionais? Até pouco tempo antes da minha avó, Floripes Lima Ferreira – sua nora – falecer, as histórias dando conta da chegada do velho português apontavam para toda uma vida sua, quando estudante em Coimbra, envolvido que estava em movimentos políticos, notadamente aqueles de caráter antimonarquistas.
E foi exatamente uma tentativa de destituição do monarca português, no final do século XIX, que selou sua sorte e o trouxe definitivamente para o nosso país. Explico a história. O grupo político ao qual estava vinculado, e que tinha Sidônio Pais – seu professor – como líder, planejara derrubar toda família real portuguesa de forma a impedir a continuidade de uma monarquia decadente numa Europa das Luzes e de desenvolvimento industrial. O responsável pelo atraso português seria, no entendimento do seu grupo, a monarquia. Fracassado o movimento, quase todos eles foram banidos, e a sua sorte foi a cidade de Paris, onde conheceu o cônsul do Brasil naquele país, ao qual se referia como Mata Machado.
Mata Machado, de família diamantinense, estabeleceu amizade com ele e o convidou para chefiar o escritório de uma vinheira em Diamantina. Mas a cidade, como de resto todo o Vale, tem sua geografia composta basicamente por rochas e de terreno impróprio para o cultivo de vinhas. Daí, para se chegar em Montes Claros, que já nessa época era a maior cidade do norte de Minas, foi um pulo.
Por aqui se tornou comerciante e estabeleceu pontos de venda de produtos de toda a sorte nas paradas que o “trem baiano” fazia. Público certo e mercadoria com preço o tornaram um homem rico, além do cargo de fiscal que exercera até se aposentar. O seu falecimento abriu espaço para que seus filhos multiplicassem o patrimônio em atividades diferentes. Enquanto João, o primogênito, foi se ter com a Cia. de Fiação e Tecidos Santa Bárbara, José Paculdino Ferreira Filho – Juquinha – pôs sociedade com a mãe, Geórgia Júlia Baracho Ferreira, num atacadista, formando a empresa Viúva Paculdino & Filhos, além de uma tipografia, e após a morte dela se estabeleceu de vez como dono de cinemas.
Essa história do velho português, como a família sempre se referiu a ele, deu início a um grande grupo social na cidade - os Paculdinos -, e serviu para lhe imprimir algumas características: trabalhadores, discretos, e por isso mesmo avessos à badalação.



*Professor universitário

LULA, O BOLSA FAMÍLIA E MINHA UNHA ENCRAVADA.








*Marcelo Valmor


Quando era criança, por uma maldade dessas de irmão mais velho, acabei tendo uma unha do pé cindida ao meio, fruto de uma brasa que o meu irmão, Marcus Vinícius (Sapo), segundo as más e boas línguas, teria colocado sobre ela. A trajetória da dita cuja desde então foi de se contorcer eternamente, me dando as dores desse problema, mas servindo também, às vezes, de momento de reflexão. E refletir cortando uma unha é para poucos.
Em alguns desses momentos me coloquei a pensar sobre o que representaria para o país a instituição de medidas públicas com vista a amenizar o grau de sofrimento de várias famílias carentes: o bolsa família. Para além da sua constatada necessidade, atentaremo-nos aos aspectos políticos que o compõe.
Para que possam compreender o meu raciocínio, vamos ao populismo. Aquilo que comumente se entende como populismo assegura que tal sistema comportaria um forte processo migratório campo/cidade, a disponibilização, por isso mesmo, de um enorme contingente social, disponível para manipulação através da presença de uma grande liderança carismática tão ao gosto de Max Weber.
Por isso mesmo, tal liderança dispensaria os canais tradicionais de comunicação do Estado com a sociedade (Congresso Nacional, sindicatos, igreja, etc.), e trataria, ela mesma, de estabelecer relação direta com toda a população, sem intermediários. Nossa história política estaria atravessada desse personagem. Tadeu Leite, num plano menor, seria o nosso representante em Montes Claros, mas em termos macro podemos citar Getúlio Vargas, Brizola, João Goulart (Jango), Jânio Quadros, e vai por ai afora.
Quando o país passou pelo processo de redemocratização a partir de 1985, uma das preocupações dos futuros governantes foi a de tentar criar políticas de apoio a uma parcela da população dessassistida pelo poder público. O quadro era terrível. Sobretudo no nordeste brasileiro, a quantidade de famílias passando fome e, conseqüentemente, sem enviar seus filhos para a escola ameaçava o status quo da elite nacional. Era preciso tomar medidas rápidas para amenizar essa ameaça: nascia o bolsa família.
A princípio tal benefício seria transitório a partir do momento que a família assistida conseguisse andar com suas próprias pernas. Mas ao longo desses anos assistimos na verdade a um outro filme.
Criado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e potencializado pelo governo Lula, o bolsa família nasceu para ser recebido pela mulher da casa e não pelo homem (alcoolismo e drogas desviariam esse dinheiro) e seria sacado em banco ou casa lotérica via cartão, eliminando o atravessador, o político oportunista e clientelista que sempre fez política rasteira com as verbas federais manipulando os municipais. Resolvido esse problema? Ledo engano.
Se resolveu as coisas em âmbito municipal, no plano federal assistimos ao retorno e sofisticação de uma prática política que pensávamos estar somente nos livros e em Montes Claros: o populismo.
É sabido que o Partido dos Trabalhadores (PT) nunca conseguiu muitos simpatizantes dentro da classe média. O seu forte sempre foi a classe C, sobretudo aquele setor empregado e organizado (sindicatos e associações públicas). A classe média sempre foi uma inimiga dos movimentos de esquerda, pois seria uma trincheira conservadora que atrasaria a luta de classes e a implantação da Ditadura do Proletariado. É chamada de pequeno burguês. Votou contra Lula nas suas primeiras candidaturas à presidência da república, e só mudou o voto em direção à esquerda quando o mesmo deixou de ser uma ameaça revolucionária e se transformou no “Lulinha paz e amor”.
Mas a esquerda não demorou em dar o troco. Tão logo chegou ao poder colocou a classe média para escanteio e elegeu o miserável como sócio nessa sua jornada terrena. Se o Lula precisava da classe média para convencer o pobre a votar nele, agora, com o bolsa família ele vai direto ao sujeito e arranca quase 70% de aprovação para um governo que, a rigor, sustenta uma política econômica herdada do seu antecessor.
Mas a grande novidade petista, sem dúvida, foi a de rebatizar o populismo para Lulismo. Desprezo aos partidos políticos, políticas assistencialistas, uma grande liderança carismática não se constituiria populismo tal qual descrito no início desse artigo? O país com o Partido dos Trabalhadores (PT) na oposição avançou. Com ele no governo parece que nada mudou. Ah! Esqueci-me. Algo mudou, algo se quebrou. O seu nome foi alterado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho: virou o partido da boquinha, e do neopopulismo, é claro.



*Professor

DA ESPERTEZA






*Marcelo Valmor


A disputa pelo espólio do falecido sempre foi motivo de contendas entre os sobreviventes. Evidentemente que o princípio da lei é o de garantir a todos os herdeiros uma parte igual do patrimônio deixado. Mas o que se observa em todas as famílias é a mais pura transformação daquilo que é de todos em propriedade privada de apenas um. Estamos falando do inventariante.
Quando ele é definido por lei, ou seja, diante do assentimento da família e da confirmação do juiz, o processo tende a correr sob a mais tranqüila ordem. Mas quando é levado ao cargo por força de brigas pessoais, como estamos vendo em uma determinada família da cidade, o espólio vira um butim de guerra, e passa a ser cobiçado por aquele que confunde representação com apropriação.
Mas pior ainda é quando não há o assentimento da família e muito menos o respaldo da lei. É quando alguém da família, o esperto – toda família tem um - se apropria de um patrimônio, divide em contas ora daqueles que são os seus donos, ora na conta do próprio esperto, causando um clima de desconfiança e gerando discórdia, ao invés de gerar tranqüilidade e honestidade.
Este texto foi escrito a partir de um e-mail recebido por mim de um cidadão montesclarense que se sentiu subtraído no seu direito de acompanhar aquilo que lhe pertence também. É lastimável, por isso mesmo, o comportamento daqueles que têm práticas escusas para requerer direitos tais como comprar uma carteira de habilitação, por exemplo, posarem de honestos e sinceros; daquele que sob o pretexto de proteger alguém, assegura para si mesmo o direito ilegítimo de não conversar com os outros e resolver os problemas.
Esse meu amigo, gente simples, tem um pouco de dificuldade com as letras, daí o meu empréstimo para ele dessas palavras.
Estou a fazer para ele o que os advogados romanos faziam quando iam defender seus clientes em um tribunal. Ao aproximar o momento da defesa, o advogado estendia a mão para que seu cliente a segurasse, num claro indicativo de que o acusado usasse a boca do seu advogado para se defender. E o que estou fazendo é exatamente isso. Ao me procurar, a primeira coisa que fiz foi estender a mão a meu amigo, e assim como o advogado na Roma Antiga, faço, dessas palavras, o seu direito de se indignar através desse artigo.



*Professor Mestre Culturas Políticas e professor da Unimontes

DIA DO GOLEIRO





*Marcelo Valmor

Quando era criança, o goleiro representava para todos nós, meninos, o anti-herói, aquele que evitava o momento maior do futebol que era o gol. E o herói nesse personagem simplesmente não existia. Quando fazia uma defesa espetacular não cumpria mais do que sua obrigação. Bons tempos esses quando o goleiro só era escolhido em peladas na rua por último. Os atacantes eram sempre os primeiros. Os goleiros eram os piores, e os piores se resignavam com sua sina e tentavam não ficar de fora da partida e dos amigos pegando no gol.
Uma das brincadeiras que fazíamos para saber quem tinha vocação para o gol era o de pegar a bola e jogar na altura do peito de um dos amigos. Se agarrasse estava identificado. Sofreria seus dias na terra como aquele que não tinha talento para a linha, como se chamava na época quem jogava fora das três traves. Mas se matasse no peito e saísse jogando, ah, isso sim seria um jogador. Era o famoso teste da bola.
Mas o tempo passou e o conceito de goleiro como o antigol foi mudando. Depois dos goleiros da década de 1950 e 1960, surgiram os goleiros galãs. Raúl, do Cruzeiro, foi o pioneiro. Daí em diante a coisa virou moda. Mas não foram suficientes para alterar a imagem do anti herói que os goleiros eternizaram. Agradavam as mulheres, decerto, mas numa sociedade machista, elas próprias sucumbiram diante da mais absoluta falta de talento desses guardadores de meta.
Apesar de alguns deles terem qualidade, a contribuição que deram para retirar o goleiro debaixo do pau foi a exposição na mídia. Se os goleiros galãs contentavam em ser tietados, dando autógrafos e enlouquecendo as mulheres, os goleiros feiosos não tinham nenhuma possibilidade de estar na mídia a não ser que se destacassem como artilheiros. Nascia, assim, o falso atacante, como o falso lombo e tudo que vem do Paraguai do bispo.
O paraguaio Chilavert foi o pioneiro ao abandonar as traves para se aventurar a fazer aquilo que mais sofria: gols. E o fez muito bem. Sua marca passou dos cinqüenta, e na sua esteira começaram a surgir os Rogérios Cenis da vida, até chegarmos a Bruno, ex Atlético e hoje no time do Flamengo, do Rio de Janeiro.
Não obstante aqueles que não conseguiram desenvolver técnicas para a cobrança de falta e de pênalti, alguns simplesmente abandonam a meta para se aventurarem na área adversária. E o desejo de vingança contra os atacantes é tão grande que recentemente Marcos, goleiro do Palmeiras, faltando mais de vinte minutos para acabar o jogo, despencou na área adversária e quase colocou o seu time, que perdia por um a zero, em situação ainda mais desconfortável.
É compreensível todo esse drama que o goleiro carrega. Quando não está buscando a bola no fundo das suas redes, está a fazer que o seu colega a busque dentro do próprio gol. Mas como o momento do goleiro é fugaz, surge sempre para ele a possibilidade de se tornar capitão, enveredar-se pela política ou posar para revistas masculinas.
Apesar de todo o avanço na carreira, parece que o goleiro continua não matando a bola no peito.

*Professor

MONTES CLAROS, A SUDENE E O QUADRO POLÍTICO LOCAL






*Marcelo Valmor


Esse artigo é o último de uma série de três publicados aqui no O NORTE, e tenta, humildemente, dar conta, de forma a atender o leitor não especializado na política, das transformações políticas e econômicas que a cidade e região passaram a partir dos anos de 1950. Já nos anos de 1970 e 1980, o quadro desenhado é o seguinte.
O forte processo migratório descaracterizou socialmente a cidade. Bairros incharam e nasceram outros, a violência começou a aumentar, os problemas sociais triplicaram, e a falta de identificação do setor social com o grupo agropecuário que comandava a cidade era real.
Como havia uma proposta da elite local em reconduzir Toninho Rebello à prefeitura (fora prefeito em chapa única entre 1966-1970), a solução foi, segundo a própria Associação Comercial e Industrial-ACI, mostrar a toda população quem fora o administrador Toninho.
A despeito de toda sua competência, uma grande campanha de marketing político foi colocada em prática, e o resultado não poderia ser outro: Toninho fora eleito para governar a cidade pela segunda vez a partir de 1976.
Mas o problema mais grave para a sua segunda gestão estaria na segunda crise do petróleo no final dos anos setenta. O governo federal limitou recursos, o governo do estado, na época comandado por Francelino Pereira, até tinha simpatia e amigos no norte de Minas, mas isso não bastou para atender a insistente campanha de mais verbas para a região.
A concentração fundiária, que teria sido um aspecto dos anos sessenta, foi acentuada, a ponto do ex-prefeito Jairo Ataíde, na época presidente da Coopagro, denunciar, no jornal interno daquela instituição denominado O Iogurte, o processo migratório cada vez mais fortalecido e em direção à Montes Claros.
A partir de 1979 a falência de indústrias leva o então radialista Luiz Tadeu Leite a denunciar o cemitério que teria se transformado elas, e através da ZYD7 (a única emissora de rádio da época) atacar a administração Rebello denunciando o descaso com os bairros da cidade.
Mas se o forte processo migratório e a falência de empresas foi um agravante para a cidade, será essa mesma realidade que trará um dos maiores benefícios de toda a história local: o Programa Cidades de Porte Médio.
Esse programa, do governo federal, tinha como objetivo nomear cidades pólo para receberem investimento do poder público no sentido de fixar o homem do campo nesses locais, evitando que migrassem para os grandes centros e agravasse ainda mais o alto grau de violência e insatisfação da época. Natal, Juiz de Fora, entre outras, também foram beneficiadas. Mas a burocracia impediu que Toninho Rebello o executasse ainda na sua gestão.
O clima eleitoral de 1982, portanto, era extremamente favorável à oposição. Não foi à toa que o PMDB ganhou a prefeitura de Montes Claros a partir de um quase desconhecido. Nessa toada ficaram “na mão” Moacir Lopes (seria nomeado, posteriormente, por Tancredo Neves, Presidente da Ruralminas), Crisântino Borén, o próprio Toninho, entre outros. E a ascensão de Luiz Tadeu Leite será explicada a partir dos seguintes argumentos.
Em primeiro lugar, devemos levar em consideração que a sua liderança é do tipo carismática, ou seja, em momentos de crise esse elemento carrega, a partir da oratória, uma capacidade de reencantamento do mundo. Em segundo lugar, o forte processo migratório arrancou, mesmo que mal arrancadas, as raízes de um grupo político que vinha comandando a política da cidade há décadas. Em terceiro lugar, a disponibilização desse enorme contingente social para manipulação. Some-se à isso o fato de já existir um clima propício para a ascensão da oposição. O Novo Sindicalismo liderado por Lula, as críticas à Ditadura Militar, a Anistia que trouxe de volta vários exilados, entre eles Fernando Gabeira, Leonel Brizola e o nosso Darcy Ribeiro, ajudaram a compor uma nova realidade que lançou na rua milhões de pessoas decididas a dar seu voto nos partidos de oposição. O clima era de festa, e os militares, decididamente, não foram convidados para ela.
Por isso mesmo, em São Paulo, ganhou Franco Montoro (PMDB), no Rio de Janeiro, Leonel Brizola (PDT), e em Minas Gerais, Tancredo Neves (PMDB). Em Montes Claros não foi diferente. A gestão Toninho foi colada ao Regime Militar, e Tadeu passou a fazer parte das hostes oposicionistas, acrescentando-se a isso o discurso populista e a situação lamentável por que passava os bairros da cidade.
Os dois primeiros anos da gestão Tadeu foram de uma inoperância terrível. Somente no terceiro e quarto ano é que sua administração deslanchou amparada pelo Programa Cidades de Porte Médio. Mas para a aplicação de todos os recursos era preciso de mais tempo, e, num golpe de sorte, os mandatos foram prorrogados por mais dois anos, chegando o atual prefeito a seis anos de mandato.
Se a nossa elite política não se atualizou e entendeu as grandes mudanças sociais pelas quais a cidade passava, Tadeu Leite descobriu os bairros. E usava de um meio de comunicação – o rádio – para atingir o coração de milhares de ouvintes/eleitores. Foi a primeira grande ruptura política da cidade e região, e teria servido para renovar o grupo agropecuário, mas não foi o que se observou.
Jairo Ataíde, apesar de todas as suas qualidades e virtudes, não conseguiu levar adiante essa renovação, e o resultado não poderia ter sido outro. A população recusa Tadeu e elege Athos Avelino.
Também o grupo de Avelino não consegue criar um discurso e uma prática capaz de eliminar os ranços do clientelismo e do populismo na cidade, fruto, segundo a minha avaliação, da falta de comando político do prefeito, e pela falta de consistência política dos partidos que o apoiaram (PPS e PT). Não foi à toa que, tardiamente, se aproximou do PTB de Arlen Santiago.
O grande diferencial de toda a última campanha para a prefeitura foi o deputado Ruy Muniz. Empresário ambicioso, um dos maiores empregadores da região e com uma visão moderna e empreendedora, Ruy terá uma carreira política fulminante. De vítima de preconceito a um quase desconhecido nos bairros, é eleito o vereador mais votado de toda história política da cidade, fruto de um intenso trabalho político. Mas seus adversários conseguem impedir sua posse, que é confirmada por uma vitória esmagadora na última instância da nossa justiça. E dois anos de mandato como vereador foram mais do que suficientes para fazê-lo deputado estadual.
Seria mais do que natural que se lançasse candidato à prefeito. E não deu outra. Articulou, dentro do Democratas, uma grande aliança capaz de lhe dar suporte de tempo na televisão e espaço dentro do grupo dominante local. Acabou não sendo eleito. Mas, então, o que deu errado?
Em primeiro lugar, e apesar de toda sua determinação, uma eleição majoritária tende a levar muito em consideração um nome já cravado no imaginário local. Em segundo lugar, a aliança que costurou não lhe deu suporte suficiente. Exemplo claro foi o PSDB dividido, e ele tendo que trabalhar dentro e fora do partido para tentar emendar seus vários grupos. Em terceiro lugar faltou, segundo meu entendimento, uma assessoria mais intelectualizada, capaz de lhe apresentar o quadro histórico local, e, com percepção e tino, poder escolher suas diretrizes políticas. Em quarto lugar as traições, normais quando se trata de política, mas que fizeram estragos consideráveis, pois partiram, algumas delas, da cúpula da coligação que o apoiava. Em quinto lugar, confiou em demasia no seu setor de comunicação.
Mas se a política é cíclica, e Ruy sabe disso, as suas chances no próximo pleito, ao contrário do que os fatos demonstram, aumentaram significativamente, já que o desgaste de Athos dificilmente o levará de volta ao paço municipal, enquanto que Tadeu Leite, se não vierem recursos em monta, encontrará dificuldades para se reeleger. Por outro lado, os partidos de esquerda, notadamente o PT e o PPS, ao longo da história local, não conseguiram forjar lideranças com forte apelo popular.
Em artigo publicado no ano passado, apontei para Athos e Ruy no segundo turno. Evidentemente que política não é como matemática onde dois e dois são quatro. Mas se não fossem as práticas políticas escusas e que deveriam ser banidas de nosso país, como a distribuição de jornal de Belo Horizonte com supostas denúncias contra Ruy, essa previsão não teria se equivocado.
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*Professor, historiador e Mestre Culturas Políticas.

THEO, UMA VIDA






“Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração”



Ao tomar contato com o livro de Theodomiro Paulino, Theo, Uma Vida, não pudemos deixar de fazer a seguinte constatação: estamos diante de um homem feliz!
Essa afirmação, cremos, está de acordo com a narrativa oferecida pelo seu autor, que ao visitar sua infância em Pires de Albuquerque, hoje Alto Belo, até a sua consagração como colunista maior da cidade de Montes Claros, aborda todos os aspectos que compõe sua história com uma alegria e otimismo na vida que, no mínimo, contagia.
A infância pobre, a mudança como ele próprio afirma de forma poética para Montes Claros, o envolvimento com membros das famílias locais, o acesso ao trabalho árduo, mas a persistência do sonho de mudar uma realidade social, cultural e econômica que lhe foi imposta pela vida.
E talvez aí esteja a chave do seu sucesso: reconhecer suas origens, o valor do trabalho transmitido pela mãe, o sentimento de amizade, o gosto pelo sofisticado, a necessidade de conhecer o mundo. Santa inquietação, já diria Santo Agostinho.
Theodomiro é um desses homens que na época, mesmo sem conhecer ainda profundamente o existencialismo de Jean Paul Sartre, já comungava com suas idéias. O existencialismo parte do princípio de que o homem é um sujeito em situação. Nasce em um local não escolhido, com carências materiais que não havia escolhido. Essa é a situação imposta pelo nascimento: berço rico ou berço pobre. Mais adiante Sartre adverte o homem para a sua grande verdade. A realidade recebida pode ser alterada, bastando para isso do posicionamento do sujeito e da visão de mundo que ele ostenta. E Theodomiro fez isso. Não recusou em nenhum momento a sua origem, mas fez dela uma catapulta capaz de lançá-lo ao espaço e tempo onde estivesse aquilo que mais almejava que era servir, e receber em troca toda uma sorte de bons trabalhos e recompensas.
Adiante no seu tempo, pensou Sartre na forma prática, e fez da sua história, a história de muita gente. Afinal é colunista renomado, homem de papel importante na constituição da cidade de Montes Claros, testemunha ocular de acontecimentos importantes que marcaram toda a história local.
Generosidade, amizade, compaixão e trabalho definem melhor Theodomiro do que todas essas palavras escritas acima.
Caetano Veloso em um dos seus discos se refere a Gilberto Gil com a seguinte frase: obrigado por Gil existir, por ele ser preto, por ele ser ele. Em relação à Theodomiro poderíamos traduzi-la da seguinte forma: obrigado Theo por existir, por se preocupar com todos, por ser exatamente como você é.


Mara Lima/Marcelo Valmor

TRIO TERNURA






*Marcelo Valmor


Montes Claros também já teve o seu Trio Ternura. Estou falando de Lazinho Pimenta, Theodomiro Paulino e Magnus Medeiros. Já teve porque, infelizmente, Lazinho já não anda no meio de nós. Mas ficaram dois dos seus melhores expoentes.
Vivia-se os anos de 1970, e a cidade fervia com os investimentos da Sudene e os efeitos do chamado “milagre brasileiro”. Época de ouro, infelizmente restrita a poucos, mas que projetou Montes Claros como referência dentro de um estado marcado por extremas desigualdades, e no qual o norte de Minas sempre fora objeto de desdém.
Mas, assim como o resto do país, a cidade vai sentir os reflexos da crise mundial do petróleo no ano de 1973. Os investimentos da Sudene raleiam, o processo migratório, estimulado durante os anos sessenta, é acentuado, a quebradeira de empresas marca a história local, e o colunismo social se expande.
Essa foi a contrapartida da cidade para uma crise sem precedentes na sua história. O papel desses homens, nesse momento, foi o de dar um ar de glamour para uma cidade que teimava em perdê-lo. Resgatar a grandeza de um local castigado por preconceitos e favores de uma elite política estadual e nacional que nem sempre lhe fora simpática.
A historia do colunismo social, portanto, teve essa função: reencantar e chamar a atenção de homens e mulheres para uma história grandiosa, cheia de reveses, evidentemente, mas marcada sempre por um esforço do seu povo na intenção sempre de buscar desenvolvimento, e o mais importante, ser reconhecido como tal.
A nossa luta para que o governo de Minas reconheça Matias Cardoso como o primeiro povoamento de Minas Gerais é um indicativo claro desse esforço constante de nos fazermos reconhecer. E numa época de crise, como fora os anos setenta, esses homens fizeram um esforço considerável para que não fossemos esquecidos, mas, sobretudo, para que não perdêssemos o nosso brilho.
É curioso as pessoas emitirem opinião das mais diversas sobre o colunismo social, algumas fato, como aquela que atesta o óbvio, de que somos a cidade do colunismo social (seriam em torno de quinze), mas algumas equivocadas, como a outra que teima em ver nesses homens e mulheres um grupo que vive inventando pessoas e sendo remuneradas por isso. Quanto engano!
Para além de qualquer crítica, o nosso quadro de colunistas, que teve no Trio Ternura sua expressão mais real, permitiu que, em momentos de crise, não deixássemos de colocar nossos ternos, que não permitíssemos que nosso brilho fosse ofuscado, que também não permitiu que perdêssemos o orgulho próprio. E também abriu espaço para que hoje militasse na nossa imprensa homens e mulheres imbuídos de projetos diversos, e ao mesmo tempo grandiosos, como uma Adriana Queiróz, um João Jorge, Ricardo Júnior, e abrisse espaço, também, para a grande novidade nos últimos anos: KGB, ou Kátia Geralda Batista.
O Trio Ternura, ausente de Lazinho, está mais do que representado por Theo Paulino e Medeiros, e o aniversário do último permite que a cidade respire, sempre que acorda, ares de saudade e de encantamento.
E pedindo licença a todos esses nomes citados acima, faço, desse espaço, uma oportunidade para parabenizar Magnus por mais um ano de vida, generosamente cedido pelo Senhor.

Parabéns Magnus Medeiros!


*Professor

DEPRESSÃO


*Marcelo Valmor



“Vincent Van Gogh, que sofria de depressão e cometeu suicídio, pintou esse quadro em 1890 de um homem que emblemática o desespero e falta de esperança sentida na depressão”.

A depressão é um problema médico/emocional caracterizado por vários sintomas. Humor persistentemente rebaixado e redução na capacidade de sentir prazer seriam alguns deles. As palavras “rebaixado” e “redução” indicam um aspecto fundamental dessa doença: ela tem cura!
Os chamados subsintomas são indicativos, mas nem sempre apontam para um quadro depressivo: Afastamento de amigos ou pessoas; Falta de vontade de realizar uma determinada tarefa; Ter maus resultados escolares devido á incapacidade em se concentrar; Vontade de ficar só; Afasta-se de tudo e todos; Não querer ouvir barulhos ou querer música ou barulhos em altos berros (pois é uma forma de se alhear e afastar do que se passa à sua volta); Sentimento de tristeza persistente; Isolamento: evitar outras pessoas; Evidente que o leitor não pode sair por aí achando que é depressivo porque achou um desses sintomas ou mais de um em si mesmo.
Confundida na maioria das vezes com uma certa tristeza ou melancolia, a depressão virou alvo de pesquisas mais sérias com o mundo capitalista. Isso foi feito atendendo a dois princípios. O primeiro porque ela comprometia o processo produtivo, haja vista que o estado que o sujeito se encontrava era o de uma prostração absoluta. Em segundo lugar porque foi preciso quantificar as doenças, e, por isso mesmo, pesquisá-las com o objetivo de produzir drogas e auferir lucros. Estima-se que 25% a 30% da população mundial sofreu de depressão em algum momento da sua vida, e que um outro bocado se encontra sob tratamento clínico/ambulatorial atualmente.
As causas da depressão são controversas e várias. Genética, drogas, estilo de vida, entre outros, seriam elementos desencadeadores do processo depressivo. Seria de bom termo lembrar, também, que situações de extremo stress podem desencadear o problema, com resultados imprevisíveis. Estatísticas apontam para uma ocorrência maior de depressão em pessoas com idade entre 24 à 44 anos, e a ocorrência em mulheres costuma ser o dobro das ocorrências nos homens.
O senso comum – infelizmente ele ainda é a maioria -, ainda associa a depressão a um “estado de espírito”, e que a pessoa doente pode se curar sozinha. Ora, quem está depressivo porque vive em dificuldades financeiras, por exemplo, não se cura depois de ganhar uma quantia considerável. O que se observa é um estado de euforia inicial, para depois voltar à rotina da doença. O máximo que esse dinheiro pode proporcionar é um tratamento adequado para o problema.
A depressão é como um cálculo biliar, uma apendicite, um cálculo renal, enfim, é uma doença qualquer. E como qualquer doença tem sua medicação específica, mas com uma diferença básica: a psicoterapia é fundamental para que o tratamento tenha êxito.




*Marcelo Valmor
Professor

MONTES CLAROS É ASSIM






*Marcelo Valmor

A nomeação dos novos secretários pelo prefeito eleito nos sugere uma série de reflexões acerca de quem somos e o que representa Montes Claros para todos nós.
Alexandre Viana, Marina Queiroz, Edgard Santos, entre outros, fazem parte de um grupo de homens e de mulheres que poucas cidades desse estado dispõe. Mas a renúncia do primeiro, com a dúvida da segunda, e a saída mais cedo ou mais tarde do terceiro coloca nossa própria formação em questão.
Quem somos? Habitamos uma região que, do ponto de vista do capitalismo moderno, estaria excluída de qualquer tipo de desenvolvimento. Mas o que observamos é uma cidade de quase quatrocentos mil habitantes, pólo de uma região marcada por extrema desigualdade, mas afirmada no valor e numa coragem de um povo que só o Gerais poderia forjar.
Em visita a São Paulo, anos atrás, passamos por cidades que tem a sua geografia mais assemelhada a uma paisagem européia, e fiquei a pensar no tipo de gente que habita aquele lugar, e conclui por um tipo de gente que nem de longe se assemelha aos nossos.
Aqui, desde o primeiro momento, encontramos uma natureza hostil e que precisava de um esforço dobrado para ser dominada. Seca, apesar da terra boa, rios poucos caudalosos (excetuando o São Francisco, que mesmo assim não banha toda a região). Somos, nesse sentido, pioneiros no sentido literal do termo. Não encontramos, como no interior paulista, uma natureza generosa, pelo contrário; da moça feia que era, fizemos dela uma rainha. Tornou-se nossa aliada, casamos com ela. Em outras regiões desenvolvidas, transformaram ela numa serviçal. Aqui nós a amamos. Esse amor está no pequi, na carne de sol, na boa aguardente produzida, na tez morena que carrega a maioria das nossas mulheres, nas nossas manifestações culturais. Somos felizes!
Temos problemas? Quem não os tem? Mas habitamos uma terra de homens e mulheres destemidos, capaz de forjar um Darcy Ribeiro e um Cyro dos Anjos; capaz de fundar uma universidade e fazê-la, em tempo recorde, uma das melhores de Minas Gerais e do país. Isso, estamos falando de nós mesmos.
Pode parecer autopromoção, mas no fundo é isso mesmo. Se tem alguém que pode falar de si mesmo é quem viveu e vive o seu dia a dia.
Mas eis que a cidade, como qualquer outra, tem sido tomada por “estrangeiros”. Não que eles não sejam bem vindos. Mas como qualquer visita eles não podem nos dar ordens. Nossas universidades e nossa representação política tem sido atravessados por esse tipo de gente. E precisamos deles. Mas eles precisam ainda mais da gente.
Deputados e senadores, que nem de longe conseguem explicar o que significa Gerais, pousam e decolam dessa região como se fossem os novos portugueses, a nos ditar um ritmo de vida. E a nossa elite política os adotou como um pai que teve seus filhos perdidos (puro processo de substituição e transferência). Por essas plagas um qualquer vira barão, enquanto os naturais se proletarizam cotidianamente. Fundadores de uma terra que foi entregue a quem não tem um mínimo de amor por ela. Onde estão nossas famílias tradicionais? Onde andam os Velosos, os Paculdinos, os Dias e os Versianis? Seus filhos perambulam pela cidade como se não carregassem essa história que só os seus antepassados deram conta de criar. E ao invés de assumirem o seu destino de fundadores de cidade, preferem entregá-la a quem não é daqui.
O Partido dos Trabalhadores expressa bem essa decadência dos grupos locais. Se batem por migalhas, e deixam o filé para um Virgílio Guimarães e para um Paulo Guedes. Homens bem intencionados, decerto, mas estranhos a todo um tipo de relação política inerente a este lugar.
Voltam-se os olhos contra um natural – Ruy Muniz -, e preferem apoiar um candidato já testado em duas gestões, e que se encontra amparado por aqueles que aqui só chegam para sair em colunas sociais, enquanto que usufruem de todo esse prestígio em outros palácios.
O Movimento Catrumano, a força pessoal de Ruy Muniz, os vários homens e mulheres que habitam essa terra ainda hão de dizer a esses senhores que descendemos de homens briosos, que namoraram a terra, que admiram o sol, mas que não aceitam serem tratados como qualquer um.


*Professor

CAMARA MUNICIPAL DE MONTES CLAROS




*Marcelo Valmor


Já correm alguns anos quando a Polícia Federal prendeu vários vereadores acusados de desviarem dinheiro público. Pouco ou nada foi feito pelas nossas instituições para dar uma cara definitiva para esse problema. Sabemos do esforço do Ministério Público, mas as medidas tomadas ainda são muito lentas.
Mas saindo do âmbito das Instituições para o da comunidade, muito se fez para que os mesmos fossem punidos. Iniciativas de entidades de classe, ou mesmo individuais, foram observadas durante o período do escândalo citado.
Somente para relembrar, ficaremos em duas. A primeira diz respeito a uma iniciativa minha para que elaborássemos um abaixo assinado exigindo uma investigação da própria Câmara Municipal. A outra foi a das Pastorais ligadas à Igreja Católica e com o apoio da CUT. Manifestações na porta da Câmara foram observadas, e o abaixo assinado correu cidade. Foi um total aproximado de nove mil homens e mulheres que, indignados, se deram ao trabalho de exercer o seus mais legítimo direito, que é aquele de exigir dos homens públicos moralidade.
Mas tão logo recebeu o abaixo assinado, a Câmara Municipal o ignorou, e cerrou fileira com os acusados. De Casa adequada para resolver o imbróglio, além da polícia, ela preferiu deixar como está para ver como é que fica. Ainda bem que nem todos pensaram assim, e o Ministério Público, a despeito de toda a lentidão da nossa justiça, tem feito esforços consideráveis para dar rumos definitivos a essa situação.
E foi a partir desse escândalo, e da mobilização de um setor considerável de nossa sociedade, que surgiu a campanha para uma forte renovação na nossa Câmara, mas uma renovação com mais qualidade.
Evidente que todos os vereadores eleitos no último pleito são homens de bem até que provem o contrário, mas começaram a legislatura muito mal ao “aproveitarem” o Dia Internacional da Mulher para legislar em causa própria. Boa parte deles homenageou mães, esposas ou amigas em solenidade pública realizada no último dia seis no nosso legislativo. E volto a afirmar que são mulheres que mereciam muito mais, mas não poderiam ter ali vínculo de nenhuma ordem com os vereadores, sob pena de se transformar o Dia Internacional da Mulher no Dia Individual da Mulher.
As exceções ficaram por conta de serem representadas por Da. Laura Silva, que teve sua homenagem ali, naquele recinto, por questões óbvias.
Esperamos muito mais da nossa Câmara durante esses próximos quatro anos. E temos um time bem eclético, capaz de fazer do debate e das diferenças um elemento fundamental para ajudar no nosso desenvolvimento. Mas diante do primeiro exemplo, me veio à mente, imediatamente, a prática mais comum da última legislatura: as homenagens servindo para atender a interesses pessoais, e o dar as costas para a população da cidade que esperou muito mais daqueles senhores.



*Professor