TRIO TERNURA






*Marcelo Valmor


Montes Claros também já teve o seu Trio Ternura. Estou falando de Lazinho Pimenta, Theodomiro Paulino e Magnus Medeiros. Já teve porque, infelizmente, Lazinho já não anda no meio de nós. Mas ficaram dois dos seus melhores expoentes.
Vivia-se os anos de 1970, e a cidade fervia com os investimentos da Sudene e os efeitos do chamado “milagre brasileiro”. Época de ouro, infelizmente restrita a poucos, mas que projetou Montes Claros como referência dentro de um estado marcado por extremas desigualdades, e no qual o norte de Minas sempre fora objeto de desdém.
Mas, assim como o resto do país, a cidade vai sentir os reflexos da crise mundial do petróleo no ano de 1973. Os investimentos da Sudene raleiam, o processo migratório, estimulado durante os anos sessenta, é acentuado, a quebradeira de empresas marca a história local, e o colunismo social se expande.
Essa foi a contrapartida da cidade para uma crise sem precedentes na sua história. O papel desses homens, nesse momento, foi o de dar um ar de glamour para uma cidade que teimava em perdê-lo. Resgatar a grandeza de um local castigado por preconceitos e favores de uma elite política estadual e nacional que nem sempre lhe fora simpática.
A historia do colunismo social, portanto, teve essa função: reencantar e chamar a atenção de homens e mulheres para uma história grandiosa, cheia de reveses, evidentemente, mas marcada sempre por um esforço do seu povo na intenção sempre de buscar desenvolvimento, e o mais importante, ser reconhecido como tal.
A nossa luta para que o governo de Minas reconheça Matias Cardoso como o primeiro povoamento de Minas Gerais é um indicativo claro desse esforço constante de nos fazermos reconhecer. E numa época de crise, como fora os anos setenta, esses homens fizeram um esforço considerável para que não fossemos esquecidos, mas, sobretudo, para que não perdêssemos o nosso brilho.
É curioso as pessoas emitirem opinião das mais diversas sobre o colunismo social, algumas fato, como aquela que atesta o óbvio, de que somos a cidade do colunismo social (seriam em torno de quinze), mas algumas equivocadas, como a outra que teima em ver nesses homens e mulheres um grupo que vive inventando pessoas e sendo remuneradas por isso. Quanto engano!
Para além de qualquer crítica, o nosso quadro de colunistas, que teve no Trio Ternura sua expressão mais real, permitiu que, em momentos de crise, não deixássemos de colocar nossos ternos, que não permitíssemos que nosso brilho fosse ofuscado, que também não permitiu que perdêssemos o orgulho próprio. E também abriu espaço para que hoje militasse na nossa imprensa homens e mulheres imbuídos de projetos diversos, e ao mesmo tempo grandiosos, como uma Adriana Queiróz, um João Jorge, Ricardo Júnior, e abrisse espaço, também, para a grande novidade nos últimos anos: KGB, ou Kátia Geralda Batista.
O Trio Ternura, ausente de Lazinho, está mais do que representado por Theo Paulino e Medeiros, e o aniversário do último permite que a cidade respire, sempre que acorda, ares de saudade e de encantamento.
E pedindo licença a todos esses nomes citados acima, faço, desse espaço, uma oportunidade para parabenizar Magnus por mais um ano de vida, generosamente cedido pelo Senhor.

Parabéns Magnus Medeiros!


*Professor

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